Sou de Belém do Pará. Morei em Fortaleza, morei no Rio de Janeiro.
Dizem que eu mudo muito.
Tenho facilidade em dizer não; gente careta me esnoba; tenho péssima memória para nomes; eu quase não gosto de ler, leio sempre; cozinho bem, mas tenho preguiça; adoro ajudar meus amigos se algo estiver ao meu alcance; sou rápido para revidar; não tolero acomodação; sou pontual, quase sempre; detesto gente sem humor; reclamo muito; sei pedir desculpas; guardo mágoas; adoro bichos; tenho um cavalo-marinho tatuado no braço; detesto lavar louça; odeio barulho; adoro ar condicionado.
Minha mãe diz que eu mudo muito.
Não sei tocar violão; ouço tudo que me enviam; tenho pernas lindas; tenho inveja das mãos de Dennis Quaid; não tolero desperdício; adoro remédio; sou muito peludo; gente cafona me esnoba; nunca soube o que dizer em enterros e hospitais.
Meus amigos dizem que mudo muito.
Durmo bem menos do que gostaria; não sei dirigir; sou de touro e adoro vermelho; hospedo infratores e banidos; já quis ter filhos; adoro minha boca; adoro rir de mim mesmo; sou fotogênico; sou perdido por gente doida.
Jornalistas dizem que eu mudo muito.
Desprezo gente que se acha demais; sempre digo: “passa adiante senão vira elefante!”
Detesto gente deslumbrada; sou míope; adio decisões muito importantes; calço 40/41; gente inculta me esnoba; eu nem sempre digo sim; durmo no avião; guardo um amor no Rio; não tenho plantas; adoro ser fotografado; hoje moro com minha mãe em um elefante branco.
Dizem que eu mudo muito. (Setembro 2009)